quinta-feira, 26 de abril de 2012

meninas-flores

Flores espinhosas, cactus inebriante da sede, da sede de saciar fome, da fome de saciar sede. Do recheio suculento que me falta e que me dás, voraz. Me faz - voraz. Ante o tudo, o que me falta é nada. De nada falta, faltas tu, dentes fortes, cactus pontudos, agudos a me perfurar a pele, a desconjurar os ânimos, a me rasgar por dentro, dilacerar meus seios, romper minhas fibras, me olhar calma, os batimentos, examinar, cálida- e calada- os meus defeituosos ritmos cardíacos: arritmoso tempo. Depois destes atos, flor, tu me beijas o coração, beijas com vontade o órgão vermelho e me tomas inteira, me tomas o todo, encarna os pedaços, desmonta os laços, me deixa perdida, me perde por fim, me caem os cabelos, me fecha a ferida, cicatriz na partida, te dou minha mão.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

passaram tempos de desconhecidos caminhos.
todo dia é desconhecido caminho, mas há dias em que nada se perde, nem o corpo, nem alma.
lembro de mim.
olho meu próprio corpo: ausente há um tempo. olho os traços da minha perna- curiosidade e saudade-, olho pêlos e unhas.
aqui estou eu, aqui está o que é meu, ruim ou bom, é isto que sou, é ist que tento melhorar, é isso que tento crescer. de nada adianta ser outro sem ser um. é hora de re-conhecimento.
o que aprendi fora de mim que pode ser incluso neste ser? o que já está? é preciso retomar os gestos, o olhar, os jeitos.
é bom se perder nesta trilha tanto quanto é bom voltar para casa.