quinta-feira, 19 de novembro de 2009

se você quiser.

é um turbilhão de emoções, comprimidas numa cápsula. comprimido 20 mg que abro de repente. nem sei o que tem dentro. é surpresa. mas sai tudo de uma vez. saem mil palavras juntas e desconexas. não sei se é uma ou se são três.
na verdade, você é quem abre essa cápsula. um mundaréu interno que você não viu nem metade. eu começo a ver o SEU princípio ativo, sua essência. e nem sei se gosto da fragância, mas já quero passá-la, grudá-la em mim. tenho tantas dúvidas sobre o fixador.
seu perfume é leve, é dia, é cítrico e alegre. me enebria, me tira de mim. é paradoxo também.
não sei muito de suas fórmulas, você não sabe das minhas. nossas receitas não estão prontas aqui pra consulta. e talvez essa seja a descoberta. na verdade me surpreendo muito, aprendo muito, me embriago nessa mistura de aroma e som.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Complexo de Tamanhos

me vejo num salto, é grande a distância, o mundo é mesquinho, não encontro nem lembrança
de algo que agrade, minha ótima visão, meu tato, meu senso, olho só decepção.
por dentro há um mundo, mil versos decassílabos, mil fórmulas dos cheiros, mil faces infinitas.
são faces minhas, são músicas do poder, me sinto um gigante, contendo cinco continentes, sou capaz de conquistá-los, os tenho por inteiro, olho pela janela d´alma, mil cores me esperam.

me vejo em uma balança, "peso" miligramas, nanogramas, sou um grão do pó.
olho este mundo enorme, visão agigantada, penso que posso caber em cada pedaço dele, sem ninguém notar. sou parte dele, e nem por isso sou observado. o componho em sua matéria, e nem por isso tenho méritos. só quero mais, quero ser mil grãos, multicoloridos, um a um montando uma grande imagem, pra caber dentro do quadro do mundo, pra ser visto neste vale imenso.
algumas coisas se referem a mim, é o que parece. não posso acreditar, estão me vendo? o que há de tão bom num grão? será que eu mereço esta atenção? é muito pra mim.

me vejo deitada, encaro o horizonte. ele olha de volta, e não desvio os olhos. meu sangue pulsa, sou gente. olho nos olhos dos meus iguais, tão irmãos, tão solenemente parecidos, com tantos complexos como eu, tão cheios de esperanças, tão cheios de pretensões, no fundo somos do mesmo tamanho.
tenho mãos que agem, tenho partes de mim e dos reflexos de tudo que encontrei, sou alguém, como tudo o que há em volta.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"Navegar é preciso"

correto caminho lento, dia sereno, velas ao vento
inseguro meio adáptil, chuvas repentinas, sóis à vespertina

o qual prefiro não sei
só sei no qual estou
no tal pulsátil, arrebátil
que me leva sem dor

mas o interno se adapta como o externo?
o que sou pode ser transformado assim?
não.

e é por isso que essa segurança me vem em ondas
vagas que voltam
e vêm surpreendentemente.

não me espere totalmente alucinada
não me espere totalmente chata
não me espere.

sou partes dessas emissões de razão e coração que se mesclam e compõem
os sons da vida, o ritmo dos momentos, a melodia do ser.