quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Tira a prática/ De sermos um pouco mais de nós.

E ela não sabe jogar. Nunca soube elaborar estratégias, nem códigos do truco, nem resolver problemas de física, nem binômios da matemática. Ela sabe por intuição, um instinto vital que a leva às ações inesperadas, aos sucessos e fracassos. Ela não sabe se esconder, não sabe planejar. Apesar de sua ascendência tentar arduamente, ela não sabe prever. Não se controla, e até sofre por isso. Mas é contra sua natureza, seu fluído quente e vermelho, que pulsa vida, jorra palavras e emoções intensas. Ela mesma se contradiz, quando aparenta o frio, quando não mostra tudo, se frustra por não ser percebida sua verdade.
Sua verdade explode em dúvida, e é do seu relativo que nasce o absoluto. Há uma gangorra que se alterna, entre um cérebro cinzento e um músculo involuntário de cor vibrante. "Maybe I´m
so out of luck, maybe I just feel too much", eles pensam. Talvezes tão frequentes, e tão inúteis, se esvaem diante de pouco, priorizando o que nasce espontaneamente.
Que isto tudo a afeta é fato, agora façam-lhe o favor, de embrulhá-la em afeto, de envolvê-la em raspas e restos que lhe interessam, de pequenas porções de ilusão, que a mantenham longe da lógica, mais perto de seu próprio pulsar.

domingo, 6 de dezembro de 2009

open me up and you will see.

fico procurando motivos pra juntar meus lados, pra grudar meus cacos com superbonder, pra ser uma só. uma só não há, uma só pessoa dentro de um ser, uma só vertente de uma filosofia, um só amor dentro de um relacionamento. há tanto pra ser, porque não?
fico criando teorias que unam a psicologia com a química, a essência em sua última instância em ambas, procuro ligações da minha música com a biologia e o ritmo da vida.
talvez sejam belas as relações, talvez sejam ilusões.
talvez eu devesse parar de me entender, talvez nunca pudesse.
há brilho na confusão, há um raio de luz no caos, há um pouco de mim dentro de tantos pedaços.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

se você quiser.

é um turbilhão de emoções, comprimidas numa cápsula. comprimido 20 mg que abro de repente. nem sei o que tem dentro. é surpresa. mas sai tudo de uma vez. saem mil palavras juntas e desconexas. não sei se é uma ou se são três.
na verdade, você é quem abre essa cápsula. um mundaréu interno que você não viu nem metade. eu começo a ver o SEU princípio ativo, sua essência. e nem sei se gosto da fragância, mas já quero passá-la, grudá-la em mim. tenho tantas dúvidas sobre o fixador.
seu perfume é leve, é dia, é cítrico e alegre. me enebria, me tira de mim. é paradoxo também.
não sei muito de suas fórmulas, você não sabe das minhas. nossas receitas não estão prontas aqui pra consulta. e talvez essa seja a descoberta. na verdade me surpreendo muito, aprendo muito, me embriago nessa mistura de aroma e som.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Complexo de Tamanhos

me vejo num salto, é grande a distância, o mundo é mesquinho, não encontro nem lembrança
de algo que agrade, minha ótima visão, meu tato, meu senso, olho só decepção.
por dentro há um mundo, mil versos decassílabos, mil fórmulas dos cheiros, mil faces infinitas.
são faces minhas, são músicas do poder, me sinto um gigante, contendo cinco continentes, sou capaz de conquistá-los, os tenho por inteiro, olho pela janela d´alma, mil cores me esperam.

me vejo em uma balança, "peso" miligramas, nanogramas, sou um grão do pó.
olho este mundo enorme, visão agigantada, penso que posso caber em cada pedaço dele, sem ninguém notar. sou parte dele, e nem por isso sou observado. o componho em sua matéria, e nem por isso tenho méritos. só quero mais, quero ser mil grãos, multicoloridos, um a um montando uma grande imagem, pra caber dentro do quadro do mundo, pra ser visto neste vale imenso.
algumas coisas se referem a mim, é o que parece. não posso acreditar, estão me vendo? o que há de tão bom num grão? será que eu mereço esta atenção? é muito pra mim.

me vejo deitada, encaro o horizonte. ele olha de volta, e não desvio os olhos. meu sangue pulsa, sou gente. olho nos olhos dos meus iguais, tão irmãos, tão solenemente parecidos, com tantos complexos como eu, tão cheios de esperanças, tão cheios de pretensões, no fundo somos do mesmo tamanho.
tenho mãos que agem, tenho partes de mim e dos reflexos de tudo que encontrei, sou alguém, como tudo o que há em volta.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"Navegar é preciso"

correto caminho lento, dia sereno, velas ao vento
inseguro meio adáptil, chuvas repentinas, sóis à vespertina

o qual prefiro não sei
só sei no qual estou
no tal pulsátil, arrebátil
que me leva sem dor

mas o interno se adapta como o externo?
o que sou pode ser transformado assim?
não.

e é por isso que essa segurança me vem em ondas
vagas que voltam
e vêm surpreendentemente.

não me espere totalmente alucinada
não me espere totalmente chata
não me espere.

sou partes dessas emissões de razão e coração que se mesclam e compõem
os sons da vida, o ritmo dos momentos, a melodia do ser.

domingo, 25 de outubro de 2009

Surreal

música, som, sonho.
papo, parte, riso.
riso, fato, beijo.

ritmo estranho, combustível, não sentir nada além de uma onda de som, luz, abraço, todo o tempo do mundo estava ali e aproveitar era o artigo de uma lei que não seguimos porque era obrigatório, mas porque tudo ali nos obrigava a isso. tudo em nós nos obrigava.

quem é? onde vai estar? me toca pra ver se é verdade. me acorda quando o sol nascer, brilhando pra nós.
quem é? e não é por ser, mas por tudo, por ser também, som combustível do sonho.

riso, junto, rir junto, do que? de quem? de nós. do mundo que não sabe o que é viver. do tempo que passa. ó tempo, porque acabar?

estranha forma de vida, estranha vida nos leva, nos leva a estranhos caminhos, caminhos que não poderiam acabar.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Observando Hipócritas

agora mesmo estava pensando em alguma coisa que unisse todas as pessoas mais próximas a mim, alguma coisa em comum entre eles, que justificasse estarem todos aqui, juntos nessa vida. e não foi difícil encontrar resposta.
o que é frequente, presente em todos eles, é a crítica. esta pode ser de qualquer modo, mas tem que estar ali. antes de malucos, palhaços, músicos, artistas, bio(logos/químicos) desvairados, escritores... antes de mais nada, eles são críticos, esplendorosos espectadores das merdas humanas.
nós somos inquietos com a falta de vida, de sensatez, o autoritarismo, a submissão, incomodados com podridão. estamos observando hipócritas.
não importa se somos politizados ou não, mas a política está em tudo afinal, somos filhos dos que viveram de alguma forma as repressões do século XX e trazemos conosco algum resultado destas. cada um de um modo, recebe as informações do mundo e não se contenta com elas de cara.
o nosso humor muitas vezes é revolução, rimos das menores coisas enquanto o mundo se queixa das mesmas menores coisas e sorri amarelo pras verdades. então rimos destes hipócritas. muitas vezes nem nos damos conta, mas estamos fora disso. apesar de parecermos estar inseridos nessas "regras" da sociedade, não nos conformamos.
uns menos, uns mais, revoltamo-nos sem alarde, e temos sonhos. estamos propondo soluções sem perceber, estamos criando história dentro de nós. e eu sei que somos poucos, mas temos a criatividade de todo o resto.
inventamos bobagens porque sabemos que só o que existe é pouco.
nós não vamos nos adaptar. nós vamos "adaptar" o mundo.








(aos amigos e primos)
energia para o corpo, concentração para a mente,
vontade para os últimos meses, esforço pro que ainda falta.
do céu, da terra, das músicas, das letras, dos números, dos ciclos, das histórias, do âmago ou dos remédios pra garganta, por favor, de algum lugar, tragam isso pra mim.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

how deep is your soul?

talvez seja difícil pra você dizer, talvez seja difícil também não dizer.
mas sabe que precisa um pouco mais de você nisso. não só métodos e gentes dizendo pra cessar o silêncio. silêncio de idéias que sinto que todos compartilhamos, não há porque não reparti-las. mas eu te entendo: entendo como alguém que fala sem parar, e conta tudo; mas que imagina como seria se ficasse sem isso. é difícil.
pior mesmo é ver que há os que não apoiam, os que realmente deveriam entender. cada um tem suas limitações, eles têm as deles, nós temos as nossas, você tem as suas, cada um traz consigo um pouco do que não consegue.
deus está em todos estes erros, e fraquezas, está na força que move essa biologia que você tanto ama. esta força que você tem dentro de si.
puta! como eu vejo essa força exalando em cada sonho mirabolante, em cada determinação mais ferrenha! você sabe que pode, e porque não tenta dividir esse pesinho tão igual ao meu, ou ao de todos nós?
eu sei que vamos nos afastar ou não um dia, mas queria te mostrar algum caminho novo, alguma coisa antes não vista na sua vida. mudar um pouco o trajeto. eu sempre com essa pretensão de transformar.
eu não sei se você quer ser transformada, deixar o não-estar-afim, se mostrar além dos cadernos bem ilustrados, cantar música brega sim, porque ninguém paga suas contas, cadê você? quem é você?
e eu te peço, me fale sobre você.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"Eu quero tudo que há"

provei um pouco do errado que há em mim. um errado que não tem pudor, que não sabe de si, não sabe que é errado. sabe, mas prefere a liberdade das escolhas inesperadas do que do caso pensado e destinado desde que nasceu. não é por mal, ele simplesmente é. me encontro em cada desvario, saio cada vez mais do que fui, pra me achar cada vez mais.
costuma-se ser bom por osmose, um bom que também não entende o que é bondade. costuma-se viver por osmose, sugando a água insonsa de cada acontecimento rotineiro e cheio de olheiras.
não sobrevive-se assim.
nunca vivi, nem nunca quero viver sem anseios novos, sem mudanças repentinas de trajeto, sem surpreender pessoas e a si mesmo. não sobrevive-se assim. não no nosso mundo, neste de tantas intenções, todos prontos pra jogar as fichas todas de uma vez. não temo naufragar, nem vou.
tenho um barco em meio a tempestade, que sente os pingos como se fosse a seiva do seu sustento e os trovões como se fosse música para o seu lazer. qualquer dia a calmaria vem, com um pôr de sol em degradês de vermelho, só com a dança das ondas. Mas, por enquanto, é este o dia, e é esta a hora.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Secret Heart


desejo o inalcançável, segredo o desejo.
admiração à distância, as conversas são próximas.
compartilhamos o mesmo ideal, nos entendemos, é muito real.
te vejo nos outros, te vejo e não enxergo.
só vejo você em você mesmo, e é isso que abala.
quem dera te encontrar em outros papos, em outras cordas de violão, pra não ter que segredar.
mas não acho.
você sabe que te admiro, admira de volta, mas não sabe o quão certo isso é.
risquei um plano, o secreto desejo vai se revelar
não sei se é inútil e que reação vai causar
só sei que o que digo é o que sinto, e que a verdade é forte.
como uma certeza, que dói de latejar.
minha rima é pobre, mas o amor e a irmandade superam, você há de concordar.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Nowhere letter

Nowhere man,
Hoje eu estava pensando no nosso assunto mais uma vez, algo que vem à tona de vez em quando: às vezes quando passo em certos lugares, às vezes quando sinto a carência comum a todos os seres, às vezes quando quero lembrar de alguém importante. É, foi realmente importante tudo aquilo que vivemos, ou também tudo que deveríamos ter vivido e ficou trancado na minha cabeça. Porque muitas das coisas que não foram ditas nem feitas ficaram guardadas, relembrando, reabrindo, cutucando aquela velha ferida. Elas ,porém, foram mais fortes do que tudo o que você fez por mim. Não que eu seja um exemplo de dedicação em todos os meus casos, fatos não consumados, incompletos. Mas era a minha vez de amar agora- que egoísta!, você deve estar pensando. Eu te amei diferentemente dos outros porque você não me quis, você ficou no mistério de um abismo que eu nunca alcancei, e é este o desafio que alimenta as paixões. E eu cheguei a um posto que eu nunca tinha me visto: estava por baixo. Era a minha vez de amar agora! E de verdade, agora as coisas mudaram dentro de mim. Eu reconheço minha antiga posição, e não te julgo por nada que você não tenha feito. Aliás, cada um tem o seu tempo, e tale coisa. Mas você perdeu. Agora eu sei o porquê que você fez aquilo, e foi fraqueza. Foi a sua falta de força, foi o seu medo que te afastou. Era o medo do algo novo e mais seguro que você já tinha visto: eu tendo certeza do meu amor. Você realmente não estava preparado pra entender isso, nem eu pra não te assustar. Mas eu não soube fazer de outro jeito. É incrível, mas você me ensinou algo. Eu pensei em tantas coisas pra nós, tantas coisas que se encaixavam como se aquilo fosse perfeito. E só era pra mim, eu sei. Você nem sabia de tudo que eu esperava. Você nem tinha o que oferecer às minhas realizações. Mas o que importa é que eu não vou carregar esta culpa, a de não ter sido amada o bastante, nem quero mais esperar que isto venha de você um dia. Eu nem sei mais quem você é, nowhere man. Mas eu sei quem eu sou, e cada dia mais. As minhas dúvidas sobre este caso estão se esvaindo a medida que me encontro mais comigo. Espero que você se encontre também. Aliás, você é uma ótima pessoa, é sempre bom lembrar. O bom é que o tempo conserta tudo, e ele apagou um pouco das minhas falhas, e das suas também. Ele sempre apaga. Só não apaga a experiência boa que foi aquele sentimento novo. Este que eu sei que vai voltar algum dia, mais calmo, sábio e menos carregado de pesos não compartilhados. Obrigada por não me ouvir, porque talvez eu não soubesse como dizer tudo isso diretamente pra você. Ah, e obrigada por ter se acalmado em mim, como um sonho bom.
De alguma Nowhere Woman por aí.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Se não tem motivos, invente!

O Lenine disse antes de mim:

"Tá cansada, senta/Se acredita, tenta/Se tá frio, esquenta/Se tá fora, entra/Se pediu, agüenta/Se pediu, agüenta.../Se sujou, cai fora/Se dá pé, namora/Tá doendo, chora/Tá caindo, escora/Não tá bom, melhora/Não tá bom, melhora.../Se aperta, grite/Se tá chato, agite/Se não tem, credite/Se foi falta, apite/Se não é, imite.../Se é do mato, amanse/Trabalhou, descanse/Se tem festa, dance./Se tá longe, alcance/Use sua chance/Use sua chance.../
Se tá puto, quebre/Tá feliz, requebre/Se venceu, celebre/Se tá velho, alquebre/Corra atrás da lebre/Corra atrás da lebre.../Se perdeu, procure/Se é seu, segure/Se tá mal, se cure/Se é verdade, jure/Quer saber, apure/Quer saber, apure.../
Se sobrou, congele/Se não vai, cancele/Se é inocente, apele/Escravo, se rebele/Nunca se atropele.../Se escreveu, remeta/Engrossou, se meta/E quer dever, prometa/Prá moldar, derreta/Não se submeta/Não se submeta..."

Óbvio, porém relembrável.

domingo, 20 de setembro de 2009

Fé insolúvel [2]


Assim como os compostos se ajustam pra ficar estáveis, assim como as bactérias comem os restos pra que haja o que recomece o ciclo, tudo tende ao equilíbrio. É assim na natureza, é assim na vida dos homens.
O tempo passa, as relações giram e aquela pessoa com quem você tinha se resolvido mal volta pra que as coisas se concertem. É certo que as coisas se concertam.
Esperança não é sinônimo de esperar... sentado ou com os braças abertos, aguardando as gratificações. Esperança é outro negócio: é como se você continuasse quietinho, na sua, vivendo sua rotina e até se preocupando com ela, mas sabendo que vem mais pela frente. A esperança pode acomodar uns, mas pode oferecer vida pra outros continuarem.
Eu não sei se é juventude ou tolice, eu sei que tem mais por vir. É algo bom e que faz meu coração bater, pra afirmar mais uma vez que está vivo. Ele vai estar lá na hora que isso tudo chegar e vai dizer:
-Eu te avisei, não foi?
coração, eu mal posso esperar pelo futuro.

sábado, 19 de setembro de 2009

Fé insolúvel

Se acostumar com o amor é fácil, mas lutar por algo que te faça perder o chão nos dá preguiça só de pensar. Vejo casais que não se amam e cedem a cada dia uma porção de seus gostos e princípios por algo que não faz seus corações baterem realmente, estes estão numa dança harmônica, porém repetitiva. Talvez seja radicalismo, ou um verdadeirismo exagerado, mas gosto das coisas por inteiro, ou pelo menos 3/4 delas. Então é difícil aceitar que muitas, muitas pessoas vivem num piloto automático, numa relação estável sem fundamento.
Talvez também seja difícil definir o que é amor pra cada um: se pra um o mínimo carinho cômodo é suficiente, quem sou eu pra discordar?
A paixão/ amor (é complicado separá-los agora) é um não sei quê que dói e não se sente, já dizia nosso cegueta português; é um profuuuuuuuuunnnndissssssssssmo enorme, são as cores espalhadas em cada parte da manhã.
Não me venha com tons de cinza.
coração, eu quero amar como nunca antes.