domingo, 24 de janeiro de 2010

o que vem e revolve os sentidos e ultrapassa entendimentos

É de lágrima. é de riso. é de dor. é de sentir completo. é metade faltando. é metade montando. é o que tem de ser.
É de tampouco definição feita. é um amontoado de complexidades. é uma fase. é uma espera. um abismo, uma esfera.
De que âmbito você veio pra me buscar? que mentira eu esqueci de deixar passar? quanta verdade cabe num momento singular?
Não perco nada de nós, não finjo na hora rir, não continuo mais por costume, não consigo mais dizer não.
E se pudéssemos nos perder. se fugíssimos do nosso ser. e se tentássemos transcender.
Não seríamos humanos, estaríamos burlando, manteríamos negado o fato de que estar é bom, nos faz bem, entrelaça, envolve, arrebata.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

parágrafo perigoso

-apesar de muitas vezes suas atitudes não serem racionais, ou que de tão racionais perdem a lucidez, entendo seu porquê de um modo geral. é como o planejamento de uma viagem. você arruma as malas, guarda cuidadosamente todos os pertences que deseja usar lá, compra os que faltam, olha a previsão do tempo na internet, tem absoluta certeza de que tudo o que está na sua lista foi feito, sua viagem será inesquecível e vai mudar a sua vida. o planejamento está de vento em poupa. mas quando começa a viajar, uma chuva inesperada faz com que atrase sua chegada ao hotel, algumas de suas roupas novas molham, as pessoas que havia imaginado encontrar te recepcionando estão cansadas e sem brilho no olhar. entretanto enquanto observava o despencar de seus sonhos, perdia a coloração cinza do céu, e o balançar das árvores com o vento, esqueceu de perguntar o porquê do cansaço das pessoas, perdeu novas amizades. na verdade, você percebeu que sua viagem tinha vida própria. que o lugar e as pessoas de lá estavam aquém de suas escolhas, mas mesmo assim, sem o seu controle, estes podiam te fazer feliz. mas isto você não viu.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

"quer guardar o mundo em mim"

são facetas de um mesmo crime. o crime de uma mão cheia de riscos, símbolo de uma vida confusa. não é ruim ser o assassino: mato o não-amor. e se é amor, porque pode ser pecado? o que é o pecado? quem determinou isso tudo? - uma maneira de ordenar o mundo, sempre penso. de impedir todos de ampliarem demais suas visões. e quais são os limites do normal? a que alcance minha retina pode captar? com quantas imagens lindas e coloridas ela pode se deslumbrar?
enquanto caminho, não encontro respostas. meu trajeto é livre, cheio de convenções e desconjecções sobre o mesmo tema. aprendo e desaprendo sobre o que é certo todo o tempo. são dezenove anos de aceitação. nasci velha, careta, e aprendo a aceitar a cada dia. aceito, aceito. e é o melhor a ser feito.
porque não? penso eu. se nosso cérebro usa apenas um por cento de sua capacidade, e sabemos que há um resto inutilizado e capaz de agir, porque não com as emoções também?
há muito o que aprender, muito o que determinar. mas se não houver razão suficiente dentro de um coração, deixa o vento conduzir essa dança.